Todos nós, católicos de educação, conhecemos a história da Páscoa: a chegada a Jerusalém de Jesus Cristo representada no Domingo de Ramos; a última ceia; o lava-pés; a Sua Paixão; Que morreu na cruz, foi sepultado e ao terceiro dia ressuscitou, sendo o Domingo do Páscoa é possivelmente o dia mais importante da Religião Católica.
Assim sendo, o que raio tem a ver ovos e coelhos com
a morte e ressurreição de Cristo? A origem dos ovos e coelhos é antiga e cheia de lendas.
Segundo alguns autores, os anglo-saxões teram sido
os primeiros a usar o coelho como símbolo representativo da Páscoa.
Outros porém, relacionam-o ao culto da fertilidade
celebrado pelos babilónicos e mais tarde levado para
o Egito. A partir do século VIII, foi introduzido nas
festividades da Páscoa um deus teuto-saxão, isto é,
originário dos germanos e ingleses. Era um deus para
representar a fertilidade e a luz. “Ostera” ou “Esther” era a deusa da primavera, que era representada a segurar um ovo na mão com um coelho aos seus pés.
Porquê um ovo e um coelho? Pois, o coelho já era reconhecido no Egipto Antigo como um símbolo da fertilidade, sobretudo devido à sua elevada capacidade de reprodução. Por seu lado, o ovo transformou-se no símbolo da própria
vida. Embora aparentemente morto, o ovo contém uma vida
que surge repentinamente. E foi este o sentido emprestado pelo ovo à Páscoa, que após a morte vem a ressurreição
e a vida. A Igreja no século XVIII, adoptou oficialmente
o ovo como símbolo da ressurreição de
Cristo, sendo santificado um uso originalmente pagão.
Há ainda outra história curiosa. Diz-se que por volta de 1215 na Alsácia, em França, surgiu uma lenda de
que um dos coelhinhos da floresta foi o animal escolhido para
levar um ninho cheio de ovos (de galinha aparentemente) ao príncipe doente.
E que, por essa razão, as pessoas ainda hoje têm o hábito de presentear os amigos
com ovos na Páscoa. Felizmente alguém teve a ideia de trocar os ovos de galinha por ovos de chocolate! A verdade é que a ideia principal da ressurreição,
da renovação da vida, perdeu-se um pouco pelo caminho, mas os
chocolates continuam a vir... supostamente trazidos
por um coelhinho!
E porque é que não se come carne na Sexta-feira Santa? O peixe foi o símbolo adoptado pelos primeiros cristãos.
Em grego, a palavra peixe era um símbolo da confissão
da fé e significava: "Jesus Cristo, filho de Deus e
Salvador." Pelo que o costume de comer peixe na Sexta-feira Santa, está então associado
ao facto de Jesus ter repartido este alimento entre o povo.
Assim a tradição de não se comer carne, prende-se como o facto de Jesus Cristo ter derramado o sangue da sua carne em nosso favor. Peixe em troca da carne. Embora eu continue a dizer que para mim, peixe é carne, mas enfim...
E só há a nossa Páscoa? Aparentemente não! A Páscoa nada tem a ver, directamente, com ovos nem coelhos. A sua origem
remonta a tempos mais antigos, quando esta era a festa de passagem do Inverno para a Primavera, normalmente na primeira lua cheia da época das flores (actualmente o mês de Março). Não nos esqueçamos que para os povos da antiguidade, o estar vivo no final do rigoroso inverno era realmente motivo para festejos!
E ainda tem a versão mais dramática dos Judeus, relatada no Velho Testamento, por ocasião do êxodo
do povo de Israel da terra do Egipto. O Faraó não queria libertar os hebreus e, em resposta levou com as dez pragas que caíram sobre ele
e seu povo. E se ainda aguentaram nove, a décima arrumou com eles. E de facto, a morte do filho primogénito de todas as famílias (não hebraicas é claro - ou pelo menos daquelas que tivessem a marca de sangue de cordeiro nas portas das casas), pelo anjo da morte que desceu dos céus, convenceria qualquer um. Foi um Faraó, sem filho varão, que acabou por permitir
que o povo de Israel fosse embora, apesar ainda da famosa perseguiçãozita, que levou Moisés a separar as águas do Mar Vermelho e a afogar todos os restantes (não hebreus é claro). Resumindo, em comemoração festeja-se o "Pesach", que literalmente significa "passagem" ou "passar
por cima".
A Páscoa Cristã, aquela como nós a conhecemos, foi estabelecida no
Concílio de Nicéia, no ano de 325 d.C.
Ao adoptar a Páscoa como uma de suas festas, a Igreja
Católica, inspirou-se primeiramente nos motivos judaicos:
a libertação da escravidão
do pecado (ou dos Egípcios); o sacrifício
de Cristo (o sacrifício do cordeiro cujo sangue aparece nas portas - "o Cordeiro que tira o pecado do mundo"); etc. Depois foi evoluindo para os ovos, coelhos e chocolateira que hoje conhecemos.
Importa reter: a Páscoa é mais do que ovos e coelhos (apesar de ser tudo o que Google mostra para metemos lá a palavra). Que a Páscoa representa a esperança que da morte nasça a vida e que, todos nós na nossa existência, sejamos capazes do milagre da ressurreição (não literalmente). Sejam felizes. Boas Páscoas!
Sem comentários:
Enviar um comentário