sábado, julho 02, 2011

Eleições inFLAMAdas


O dia 1 de Julho de 2011, dia em que se assinalou o Dia da Região Autónoma da Madeira, foi marcado pelo reaparecimento do movimento auto-intitulado de FLAMA - Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira.

Para além de terem espalhado a sua Bandeira um pouco por toda a ilha, em comunicado anunciou que “hoje, 1 de Julho de 2011, dia daquela autonomia que não merece festejos, os madeirenses despertaram com o seu arquipélago engalanado com a sua Bandeira e, passados 35 anos é uma boa altura para reflectir sobre o que a FLAMA sempre propôs e muitos aceitaram de braços abertos e outros, tiveram dúvidas.”

O comunicado termina com críticas aos “exemplos que estão à vista nestes anos de loucura que tem sido a Autonomia”, o que denota que a autoria do comunicado é de terceiros, alheios à FLAMA tal e qual ficou conhecida. “O servir-se não significa meter dinheiro ao bolso. Muito pior é ser obstinadamente teimoso e nunca ouvir a voz da razão, gerir as Câmaras aos seus gostos pessoais embora felizmente o Principal já de saída, privilegiar birras pessoais esquecendo os reais interesses da nossa Madeira e finalmente não terem a capacidade de fazer nada com inteligência e competência, é marinas, parques e parques e marinas, sem pensar minimamente nas gerações vindouras e nos encargos que vão herdar.”


Falando em nome da FLAMA, mas sem que haja essa garantia de autenticidade, o comunicado pede aos madeirenses que reflictam e se batam por um referendo, que se destina a esclarecer duma vez por todas, quaisquer possíveis dúvidas. “Os resultados da dependência de Portugal, tal como a FLAMA anunciou há mais de 30 anos, estão à vista. Alguns venderam-se por uma autonomia que funciona assim: quando tudo corre bem, os portugueses não cumprem os mínimos a que se comprometeram; quando tudo corre mal, acham que nós devemos solidariedade e o GR concorda!”

Os dinamizadores da iniciativa criticam ainda os que dizem que a Madeira não podia ser independente. “Ninguém o é. O que exigimos é sermos nós a negociar a nossa dependência, visto que Portugal endividado, envergonhado e pobre, luta por manter a cabeça fora de água e, se a mantiver, é para viver em agonia durante anos! Vejam o que aconteceu com a zona franca, por má fé de Portugal.”

Reafirmam que a Madeira, com a independência que a FLAMA sempre lhe quis dar, “garantia e garante, que será uma República Democrática e que, a nossa Constituição terá poderes, para, democraticamente, arredar do poleiro qualquer imitação de Sócrates. O aprendiz de filósofo foi corrido, mas a obra ficou!”


Independentemente 'desta' FLAMA ser a mesma de há três décadas atrás, ou algo novo, o seu aparecimento é tudo menos inocente. Há que ler nas entrelinhas. Aproximam-se as eleições regionais, já em Outubro, e há já muita gente a trabalhar para elas. Serão possivelmente as mais importantes das últimas legislativas.

Vivemos num período conturbadíssimo, onde é exigido ao País(e particularmente aos portugueses) um esforço sobrenatural de contenção, de solidariedade social e de austera diligência. A Madeira não é, nem pode ser excepção. A nossa ilha não possui recursos naturais suficientes para ser auto-subsistente. Possui uma dívida superior a 4 mil milhões de euros varrida para debaixo do tapete - e cujos responsáveis já disseram que não pagavam - um desemprego galopante, insolvências em catadupa, e uma economia enfraquecida, presa pela orçamento de Estado e pelos euros da Europa.

Sejamos sérios, tenhamos políticas sérias, um programa sério, com vista ao crescimento económico e social da nossa ilha, para o bem de todos os Madeirenses, para o bem da Madeira, e para o bem de Portugal.

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