sexta-feira, dezembro 05, 2008

Vende-se Erário Público

 


Começo logo por dizer que sou absolutamente contra o apoio estatal aos bancos. Não consigo perceber na minha cabeça porque é que o Estado vai, com o dinheiro dos contribuintes, em socorro de instituições cujo negócio é precisamente o dinheiro. Para além de já sugarem até ao tutano os parcos tostões do particular por via directa, vão agora fazê-lo por via indirecta, mercê deste Estado convenientemente muito providente.


Ponto assente, sou absolutamente contra a operação de salvamento ao Banco Privado Português (BPP). Uma operação de apoio financeiro ao BPP que envolve seis instituições de crédito, que formaram um consórcio para emprestar um montante de 450 milhões de euros, com maturidade de 6 meses renováveis, e que tem a garantia do Estado. Esse montante está distribuído pela Caixa Geral de Depósitos e Banco Comercial Português, com 120 milhões de euros cada um o Banco Espírito Santo com 80 milhões de euros, o Banco Santander Totta com 60 milhões de euros, o Banco BPI com 50 e Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo com 20 milhões de euros.


Sou contra por dois motivos. Primeiro porque estamos a falar de um banco de investimento, um banco gestor de fortunas. É uma instituição com risco apreciável e quem o utiliza sabe disso mesmo. Arrisca para ganhar muito. Mas igualmente também podem perder. É um risco assumido. Não é um banco comercial, no sentido que traga algum sustento à nossa economia, e o seu âmbito de acção prende-se com constantes intervenções especulativas na bolsa de valores. Se fechasse teríamos 200 pessoas menos ricas no país.


Outro motivo pelo qual não consigo aceitar esta acção do Governo português tem a ver com o tratamento dado aos restantes bancos. Por altura do estalar da crise mundial económica, o Governo veio a público assegurar os créditos bancários de cada português até um máximo de 50 mil euros. Se criou este tecto máximo para os particulares porque é que assegura até ao último tostão a fortuna imensa dos clientes do BPP? Estamos a falar de muitos milhões de euros...


Esta medida é escandalosa e absolutamente inaceitável e vem ao serviço daqueles que manipulam o mercado financeiro. O Governo está a dar de garantia a credibilidade do Estado e a empenhar o erário público para resolver um problema de pessoas que decidiram investir em mercados financeiros de risco.

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