sexta-feira, agosto 25, 2006

Um avanço "ético" na investigação genética


Um embrião é o produto das primeiras modificações do ovo fecundado, tanto nos animais como nas plantas, que irá dar origem a um novo indivíduo. É o fruto da junção de um gameta feminino (óvulo) e um gameta masculino (espermatozóide)a partir das primeiras modificações do ovo fecundado. O período embrionário é de 8 semanas e após esse periodo passa a ser considerado um feto.

Em embriologia, chamam-se células estaminais ou células tronco às células não-diferenciadas dos embriões dos animais que se podem diferenciar, durante o processo de ontogénese em células de vários tecidos. Estas têm características pluripotentes, ou seja, podem se transformar em qualquer um dos 216 tecidos que compõem nosso corpo.

Devido a essa característica única, as células-tronco são de grande importância para a medicina, principalmente na aplicação terapêutica, podendo ser usadas no combate de doenças crónicas (doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, nefropatias, diabetes tipo 1), acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, imunodeficiências e traumas da medula espinhal, sendo que, o principal objectivo seria recuperar os tecidos danificados pelas doenças.

As células estaminais dividem-se em dois tipos: células adultas e células embrionárias. As células-tronco embrionárias são extraídas dos embriões e acredita-se que as CT embrionárias podem se transformar em qualquer outra célula. As CT adultas, pela sua idade, são mais limitadas, podendo apenas gerar tecidos específicos. E devido a essa limitação acredita-se que as células-tronco embrionárias sejam mais eficientes.

Contudo, as pesquisas com esse tipo de células ainda é incipiente por motivos principalmente religiosos. Praticamente todas as religiões condenam o seu uso. A título de curiosidade, já este Verão, o Presidente George W. Bush reforçou a sua objecção a estas experiências, ao não ratificar uma lei aprovada pelo Senado no sentido de liberalizar as regras de investigação sobre células estaminais.

Mas há boas novas. Cientistas norte-americanos criaram culturas de células estaminais humanas sem precisarem de destruir embriões. A técnica, descrita na edição online da revista "Nature", é inspirada no diagnóstico de pré-implantação, usado para escolher embriões criados através de fertilização in vitro livres de doenças genéticas. Com este avanço poder-se-á obter células estaminais, ultrapassando-se os vários problemas éticos impostos.

A equipa de Robert Lanza, da empresa Advanced Cell Technology (Massachusetts, EUA), já tinha conseguido fazer isto com células de ratinhos, no ano passado. Agora, conseguiu criar duas culturas de células estaminais embrionárias humanas, usando células colhidas em 16 embriões que sobravam de tratamentos de infertilidade.

Com o método tradicional para obter células estaminais, os cientistas usam embriões que se desenvolveram durante cinco a seis dias, até serem uma minúscula bola com cerca de uma centena de células. Com o novo método, usam-se embriões bastante mais imaturos, com apenas oito células. É colhida apenas uma, que é cultivada em laboratório. O embrião não precisa de ser destruído e pode continuar a desenvolver-se normalmente até termo da gravidez, se for implantado no útero de uma mulher.

As células-tronco (estaminais) representam uma das grandes esperanças dos cientistas do século XXI. A sua capacidade de se transformar em outros tipos de tecido, incluindo os do cérebro, ossos, músculos e pele é de uma importância vital para o desenvolvimento da medicina. Para finalizar nada como dar um exemplo claro da sua utilização numa situação infelizmente muito comum nos nossos dias: uma pessoa vítima de enfarte, por exemplo, poderia ultilizar essas células para recompor a região do coração afectada.

Veja como células estaminais podem ajudar no tratamento a doentes de Diabetes Tipo 1: Human Embryonic Stem Cells


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