terça-feira, maio 28, 2013

Portugal a envelhecer






O Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, em parceria com o centro de investigação da Universidade de Évora, tem vindo a conduzir um estudo sobre a sociedade portuguesa. Apesar de apenas ficar concluído em 2014, já apresenta alguns resultados interessantes. Como aponta Vanessa Cunha, a investigadora responsável pelo estudo, a sociedade portuguesa caracterizava-se por dois traços interessantes, nomeadamente, a inexistência de um adiamento tão grande do primeiro filho mas já um adiamento mais intenso do segundo, o que faz com que Portugal seja um dos países da Europa com incidência mais elevada de filhos únicos. Eu que o diga!

Deixar a decisão de ser mãe e pai para mais tarde resulta de um conjunto de razões mas a insegurança financeira é a questão central em jogo, relacionando-se com a precariedade económica e as dificuldades ligadas ao custo de educação dos filhos. Igualmente os períodos recessivos, com problemas no mercado de trabalho e desemprego, assim como a conjugação da vida profissional e familiar e a perda de alguma independência, são factores altamente desfavoráveis à natalidade, que são agravados quando os apoios sociais à natalidade desaparecem.

A redução da natalidade tem um peso brutal na economia de um país. Com o envelhecimento natural da sua população, a redução da população activa causa um desiquilíbrio nas finanças públicas, mormente na relação despesa/receita per capita. Mais do que cortar por cortar, é importante que o Estado perceba que tem de motivar e incentivar as suas pessoas a que tenham (mais) filhos. Há vários mecanismos que pode recorrer, desde abonos, licenças de parentalidade, uma regulação laboral mais protectiva, protecção na maternidade/paternidade em situações de emprego/desemprego, apoios escolares (bolsas de material escolar, bibiliotecas públicas, transportes), etc. Há muito por onde pegar e muito que se pode fazer, já que, na realidade, está em causa a própria continuidade do país.

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