É comum ouvirmos queixas dos 'continentais' que nós, os insulares, sempre fomos
subsídio-dependentes, vivendo à custa da metrópoles, deixando passar uma
ideia de vivermos em ilhas quase desertas, ocupadas por uma população indigente e
sempre de mão estendida, à espera da esmola. Ainda mais nos dias que correm, pelas razões sobejamente conhecidas.
Todo o ilhéu sabe que esta é uma imagem distorcida da realidade. Mas não tem como provar. Pelo que, aqui entra em cena, o projecto 'O Deve e o Haver das Finanças da Madeira', um exercício histórico iniciado em 2010, para
que se apague, de uma vez por todas, esta imagem do ilhéu como eterno
pedinte e parasita da metrópole.
O Centro de Estudos de História do Atlântico (CEHA), no âmbito deste projecto, começou ontem a
disponibilizar ao público relatórios e recolhas realizadas, no decurso
de 2010 e 2012. Todo o acervo informativo do trabalho já reunido até ao momento está a
ser disponibilizado na Web e na Intranet da Biblioteca Digital do CEHA.
Retiro uma das partes mais interessantes: num dos textos, de Março do ano 2000, com dados recolhidos entre 1473
e 1974, o historiador Alberto Vieira revela que "os dados apurados são
mais uma vez reveladores de que o Estado apenas deixou na ilha um quarto
do total da verba arrecadada. Isto é, cerca de 15 milhões de contos.
Todavia o valor estimado e corrigido aponta para uma situação distinta,
atingindo-se 10,5 biliões de contos, situação reveladora de que o Estado
sugador da riqueza da ilha nunca foi uma ilusão". Contas feitas, entre 1473 e 1974, o Estado obteve na Madeira uma receita superior a 20 biliões de contos e gastou (despesa) apenas 5,5 biliões. O saldo é favorável à Região em 15 biliões de contos.
E aqui vamos...
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