terça-feira, dezembro 16, 2008

Fraudes

 
(Foto: Chuck Gallagher)


Fraude. É mesmo a palavra de ordem. A cada dia que passa surge um novo caso de um "chico-esperto" que decidiu fazer dinheiro pelos meios menos convencionais. E já nem a alta finança escapa a criaturas sem escrúpulos em busca do lucro "fácil".


Desde que o investidor Bernard Madoff foi detido na quinta-feira e libertado sob caução de 10 milhões de dólares (7,3 milhões de euros), que novos números e nomes adensam a lista dos credores do até aqui muito respeitado especulador de Wall Street, que com 70 anos e uma vastíssima experiência como antigo presidente da bolsa tecnológica Nasdaq.


Em Espanha, o caso parece ser muito sério, com o Santander a admitir uma exposição ao fundo de Bernard Madoff de 2330 milhões de euros e o BBVA de 300 milhões de euros. Em França, a Natixis, que é uma filial da Caixa de Espanha e do Banco Popular, poderá ter ficado sem 450 milhões de euros, o banco BNP Paribas 350 milhões de euros e a Société Générale e o Crédit Agricole com menos de 10 milhões de euros, cada. Ainda em França, outra empresa, desta feita do sector dos seguros, a Axa, reportou que foi lesada num valor a rondar os 100 milhões de euros.


No Reino Unido, o HSBC está envolvido no rol dos credores de Madoff, estimando-se um valor de mil milhões de dólares (732 milhões de euros), o Royal Bank of Scotland em 460 milhões de euros e o grupo Man em 360 milhões de dólares (263,5 milhões de euros). Em Itália, a empresa de Madoff lesou o maior banco local, o UniCredit, em 75 milhões de euros.


Portugal também não escapou e 16 milhões de euros é o valor das perdas dos clientes nacionais que investiram em produtos do Santander Totta expostos à falência das empresas do especulador norte-americano.


Por falar em Portugal, também temos os nossos "Madoffs". Na sexta-feira passada, o Banco de Portugal instaurou também um processo contra-ordenacional contra o BCP, iniciativa que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) já tinha adoptado. A CMVM vai ainda enviar mais um relatório sobre o BCP ao Ministério Público para apuramento de eventuais responsabilidades criminais e denunciar um caso de abuso de informação privilegiada.


Este processo diz respeito a alegadas irregularidades cometidas pelas anteriores gestões do banco e à utilização de um vasto número de sociedades “off-shore” para ocultar operações e informação aos dos supervisores. O Banco de Portugal não refere ter-se verificado aproveitamento pessoal ou fraude, mas levanta questões graves, designadamente, as relacionadas com as sociedades “off-shore”, que serviram para a compra e venda de acções próprias sem conhecimento das autoridades. Isto porque ao não se terem abatido as acções próprias aos capitais próprios, o valor patrimonial do BCP foi alterado e as acções do banco valorizaram-se artificialmente, gerando distorção das condições de mercado.


Já agora, releva dizer que os referidos gestores, agora notificados, receberam cada um, do BCP, durante o período referenciado, cerca de dez mil euros... dia! Tinham que trabalhar muito bem, sem dúvida.


E isto é o que se sabe...

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