Duas notícias chamaram-me hoje à atenção no Diário de Notícias da Madeira. A primeira refere que o "Governo manda alterar projecto de remodelação dos Barreiros" enquanto que na segunda pode ler-se que "Afinal havia outro... no 'offshore'". Mas vamos por partes.
O primeiro artigo refere que o Conselho de Governo "decidiu hoje eliminar algumas infraestruturas do projecto de remodelação do Estádio dos Barreiros", sustentando que "o clube possui algumas das infraestruturas projectadas para os Barreiros enquanto outras existem em quantidade suficiente na Região", recordando ainda "as actuais dificuldades financeiras da Região". Confesso que não consigo perceber. Como é possível que um concurso público que já está a decorrer, onde 12 empresas já levantaram o caderno de encargos para concorrer, seja confrontado com alterações ao seu projecto? Mas que alterações? Andamos em saldos?
Depois do que fizeram no estádio da serra, onde nem sequer houve projecto final - e para uma construção em zona verde! - onde o dinheiro (dos contribuintes) foi entrando à medida que a obra ia sendo feita (para não falar em todos os acabamentos de luxo implementados), ainda existe a lata de promover alterações a um projecto já modesto por natureza? Ainda por cima para a construção de um estádio no coração do Funchal, para o clube madeirense com maior representação exterior? Andamos a brincar é?
Na segunda notícia, o DN utiliza excertos de um artigo publicado na edição desta semana da revista 'Sábado', para dar conta de que o CD Nacional está a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, e que Rui Alves, presidente do Nacional, outros directores do clube, os treinadores José Peseiro, Casimiro Mior e Manuel Machado, e alguns jogadores como Miguelito, Ricardo Fernandes, Paulo Assunção e Rossato poderão ser constituídos arguidos já durante o mês de Outubro. A razão é o recurso aos contratos de imagem assinados com recurso a empresas sediadas em 'offshores', durante os anos de 2001 a 2005, exactamente nos mesmos moldes que os responsáveis do Marítimo foram indiciados no início do ano.
A 'Sábado' destaca ainda que o ex-Procurador no Funchal, Carlos Santos, sabia do processo aberto no DIAP e que, numa busca da PJ "à casa de Rui Alves, em 2006, e encontrou lá o procurador", que por sua vez já está a braços com vários processos abertos pelo Conselho Superior de Magistratura. O que é ainda mais grave já que indicia traços de corrupção activa e passiva de órgãos judiciais.
Como é que é o mesmo aquele ditado? Quem cospe para o ar...

1 comentário:
Estádio dos Barreiros
Com o tempo a passar, vão transbordando algumas informações sobre o processo de avaliação das propostas apresentadas no concurso para a construção do (novo) Estádio dos Barreiros.
A providência cautelar apresentada pela empresa afastada do concurso aquando da abertura das propostas terá surtido efeito pelo que, aparentemente, terá sido reintegrada à condição, até a decisão do tribunal. Afinal, com o benefício do Marítimo pois sabe-se que será a proposta mais barata.
A hipotética proposta mais barata será, afinal, a mais cara. Custos na ordem dos 1000 euros por metro quadrado fazem dessa proposta (retira 20% ao custo global, mas constrói quase 50% menos que as restantes) uma má proposta, quer para o Marítimo (usufruente de uma instalação mínima), quer para os contribuintes e GR (financiadores) que pagarão mais por muito menos. Haverá algumas propostas de construção a valores pouco acima dos 600 euros o metro quadrado.
Em paralelo, consta que aquela mesma proposta (alternativa e não variante à proposta base) não se enquadra legalmente no concurso público que é de construção e não de concepção-construção (situação onde os concorrentes poderiam apresentar projectos alternativos). O que terá sido uma boa opção do Marítimo, definindo em projecto o que pretende - não entregando essa tarefa a outros – mas não deixando de abrir a possibilidade de apresentação de variantes (alterações ou reduções de programa simples à proposta base, definida e colocada a concurso).
Face a esta situação, é de esperar que a obra seja adjudicada a uma das empresas com custo m2 inferior, garantindo a execução do projecto base, mesmo que o governo limite o seu apoio financeiro, exclusivamente às áreas desportivas ali (bem) definidas.
Para a restante verba e restantes espaços (a maioria nos baixos das bancadas) caberá ao Marítimo encontrar financiadores (possíveis investidores, futuros utilizadores dos espaços comerciais) que suportarão a construção e acabamentos (agora ou no futuro em fase de maior desafogo económico) de espaços que viabilizarão o Estádio resultante, libertando-o (como todos os que agora se vão construindo por esse mundo fora) de ser consumidor eterno de recursos públicos. Processo que deverá ser validado aquando da assinatura do acordo da cedência do terreno do actual Estádio dos Barreiros que estará para breve.
O atraso neste processo terá a ver com o facto do registo do terreno, realizado recentemente, estar incorrecto, pois alarga a todo o terreno (30mil m2) condicionantes e limitações de uso do mesmo (uso desportivo exclusivo) só aplicáveis a uma parte do mesmo (17mil m2) como comprova diversa documentação, referente à cedência do terreno ao Estado (Junta Geral) nos anos 50 do século passado, já na posse das entidades financiadoras e da competente (D R Património) para o efeito.
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