Penso que podemos dizer sem receios que a participação portuguesa nestes jogos Olímpicos tem sido desastrosa. Na maior comitiva de sempre, perto de 80 atletas, em seis dias de competição, todo o português que mete o pé nas provas a disputar, tem sido recambiado para casa. A 'nossa' Ana Moura por exemplo, fez apenas um jogo, o que equivale a dizer que a sua participação nos Jogos foi de 25 minutos.
Como se explica isto? Como se explica que, por exemplo, o campeão da Europa em título nem fique nos 10 primeiros? Como é que se explica que o actual líder do ranking mundial de tiro fique na 33ª posição da competição? A última então, é no mínimo hilariante. Miguel Ralão Duarte, montando a égua Oxallys da Meia Lua, desistiu hoje na sua participação na disciplina de Ensino das provas equestres dos Jogos Olímpicos porque, segundo o cavaleiro, a égua assustou-se com o ecrã de vídeo existente no recinto e "entrou em histeria". A desistência ditou a eliminação de Portugal na competição por equipas.
É óbvio que tem de haver uma explicação plausível. Falta de apoios ou condições de treino. Mas se for por isso como é que se explica que o Togo e a Mongólia já têm medalhas nestes jogos? É claro que se pode assacar à falta de sorte, nervosismo, estaleca mental, etc.? Mas, a verdade, é que estamos a falar de atletas de alta competição, muitos deles já habituados a vencer em grandes ambientes. Basta olhar para o currículo da Telma Monteiro, por exemplo.
Ainda hoje o o chefe da equipa olímpica portuguesa de trampolins vem defender que a falta de condições dos atletas em Portugal tem sido reflectida nos resultados dos Jogos Olímpicos. Cito: "Em Portugal continuamos a brincar um bocadinho ao desporto. Continuamos a ter a sorte de ter uns cogumelos, como alguém disse, atletas que aparecem de vez em quando e que fazem resultados óptimos em alguns desportos". O treinador queixou-se ainda dos media, por aumentarem as expectativas das pessoas e pôr os portugueses à espera de medalhas.
Eu compreendo as suas palavras. De facto, muitos dos atletas que temos 'produzido' nascem do acaso e não de um treino específico desde a base até ao topo de forma, tal como fazem os americanos ou os chineses. No entanto, isto não pode explicar tudo. Não explica como estes mesmos atletas conseguem títulos em campeonatos do mundo e da Europa, e chumbam nos Jogos Olímpicos. É verdade que há um certo empolamento dos atletas. Basta ver o que fazem com a selecção - ou somos os melhores ou somos os piores. Mas quando se tem em competição a campeão europeia em título, o n.º1 do ranking mundial, a detentora da melhor marca do ano, é natural que as pessoas tenham grandes expectativas.
É óbvio que não estou a dizer que temos que ter um Michael Phelps - este notável nadador, que aos 20 e poucos anos, já leva 11 medalhas de ouro entre dois jogos Olímpicos. Prometeu 8 nestes jogos para bater o record de Mark Spitz. Já leva 5 -, mas, dentro das nossas possibilidades, temos que lutar. Sobretudo, estes atletas têm que ter garra e vontade de vencer. Os vencedores fazem-se, é claro. Mas mentalmente também se constroem, dentro de cada um de nós.
Bem, a competição é longa e ainda há muitos atletas portugueses que vão participar. Alguns deles, "pesos pesados" do atletismo. Vamos ver se conseguimos alguma medalha. Ainda vamos a tempo.
1 comentário:
ja temos duas medalhas, uma de prata da vanessa fernandes em triathlon e uma medalha de ouro do nelson evora em triplo salto
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