quinta-feira, novembro 29, 2007

Já é oficial...


Agora é mesmo oficial. O Governo Regional da Madeira cedeu a título gratuito e definitivo o Estádio dos Barreiros e terrenos adjacentes ao Marítimo da Madeira, Futebol, S.A.D., conforme Resolução n.º 1175/2007, publicada ontem na Iª Série do Jornal Oficial da RAM. Clique aqui para ver o a edição na íntegra.

Resolução n.º 1175/2007

Considerando:
Os termos do DLR n.º 4/2007/M, de 11 de Janeiro, que estabelece as bases do sistema desportivo regional e acolhe expressamente o princípio da responsabilidade pública da Região Autónoma da Madeira na criação de condições de execução de uma política de generalização e desenvolvimento da actividade desportiva, o princípio da relevância do movimento associativo e o princípio da cooperação entre a Região e as entidades públicas e privadas na concretização da política desportiva regional;

Que constituem princípios gerais de tal política desportiva e como tal definidos na Lei, o fomento e o apoio ao associativismo desportivo, o apoio à realização de competições nacionais e internacionais, bem como a optimização, diversidade e qualidade das infra-estruturas desportivas e o apoio de natureza financeira e material ao desporto, incluindo o de alto rendimento e profissional;

Que o citado diploma legal prescreve que o Governo Regional deve desenvolver, directamente ou em articulação com entidades públicas e privadas, uma política integrada assente, entre outros pressupostos, na rentabilização das infra-estrutura desportivas, na instalação de equipamentos que tornem mais acessível a prática desportiva e na construção de instalações desportivas;

O disposto no D.L.R. n.º 12/2005/M, de 26 de Junho, que aprova o regime jurídico de atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região A u t ó n o m a da Madeira, ao prescrever os projectos de construção, recuperação ou melhoramento de infra-estruturas, equipamentos desportivos e sedes sociais, bem como o facto de o citado diploma determinar que podem beneficiar de tais apoios os clubes desportivos e as sociedades anónimas desportivas que levem a cabo tais investimentos, podendo para tal, beneficiar de comparticipações financeiras concedidas pela Administração Pública Regional;

O requerimento apresentado pelo “Marítimo da Madeira, Futebol, SAD”, sociedade anónima desportiva cujo capital é detido pela Região Autónoma da Madeira (40%), pelo Club Sport Marítimo, instituição de utilidade pública (40%) e outros accionistas (10%), no sentido de uma cessão gratuita, a título definitivo, para fins de interesse público, do actual complexo desportivo do Estádio dos Barreiros.

Os termos do Decreto Legislativo Regional n.º 42/2006/M, de 24 de Agosto, permite a cessão gratuita, quando verificadas razões ponderosas e devidamente fundamentadas; Que tal cessão deve ficar sujeita ao cumprimento de condições e encargos relacionados com os interesses públicos que a mesma visa realizar; Que, quando tal cessão suceda, a entidade beneficiária deve ser obrigada a assumir a obrigação de prestação de contrapartidas de interesse público.

O Conselho de Governo reunido em plenário em 22 de Novembro de 2007, no uso das suas competências constitucionais e legais, resolveu efectuar a transferência gratuita e a título definitivo do Estádio dos Barreiros e terrenos anexos, ao “Marítimo da Madeira, Futebol, Sociedade Anónima Desportiva”.

Trata-se de uma cedência para fins de interesse público, sobejamente fundamentados, quer pelo facto de a própria Região Autónoma deter quarenta por cento do património desta sociedade, quer pelos seus pressupostos jurídicos. Tal permitirá, com inegáveis vantagens para as finanças públicas regionais, face às opções que se colocavam aos compromissos públicos assumidos, a melhor solução para a construção do futuro estádio comercial desta Sociedade Anónima Desportiva. Esta cedência assenta juridicamente também no pressuposto de todas as mais valias resultantes da exploração comercial dos espaços ora cedidos, reverterem para o financiamento da obra.

Presidência do Governo Regional. - O Presidente do Governo Regional, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim.

E agora... que comecem as obras!

3 comentários:

DAISY disse...

Finalmente...

Anónimo disse...

Acho uma vergonha que se disponha assim do património público em prol de entidades privadas... Eu achava que essas infraestruturas pertenciam a todos nós... Mas enganava-me... Afinal pertenciam a uns poucos, bem poucos, que as podem utilizar como entendem e apenas em defesa dos seus próprios interesses...
E isto faz-se com a mesma displicência com que se afirma que estamos numa situação de muitas dificuldades económicas, em que há cada vez mais madeirenses a viver em situações muito precárias, em que não há dinheiro para garantir o bem estar das pessoas...
Mas haverá sempre dinheiro para alguns e para financiar o que nunca devia ser financiado com dinheiro público...
É pena....
É triste....

il _messaggero disse...

Este último comentário é o melhor exemplo do porquê de preferir um clube sem qualquer tipo de dinheiros públicos aplicados...ao menos não há estas acusações por mais infundadas que possam ser - pese reconheça que possam ter um fundo de verdade...

A verdade é que o Governo Regional assumiu compromissos com o clube e já agora com o seu eleitorado - pese curiosamente não tenha havido discussão de programa de governo nas últimas eleições. Por outro lado, o mesmo GR tem cerca de 40% da SAD do Marítimo, que será o principal beneficiário deste mesmo espaço, logo poderá haver uma certa legitimação na cedência do dito espaço.

Parece que as pessoas não estão a reparar que o clube até acaba por ser muito prejudicado em relação a outras entidades, essas sim sorvedouras de rios de dinheiro sei qualquer tipo de rentabilidade à vista. Por outro lado o projecto e o espaço disponível era muito maior - logo mais sustentável a longo prazo, sendo que o clube teve de sacrificar esse projecto em nome da contenção financeira da região.
A promoção do nome Madeira a nível desportivo é um vector importante - e já agora algo descurado a se confirmar o devinvestimento feito do Rally Vinho Madeira, prova que passa no Eurosport por ser uma prova do IRC, e o prestígio nacional do clube assim como o seu passado já o justificam...

Mas reafirmo o que comecei a dizer no início do post...quanto menos interferências políticas houver nos destinos do clube e na respectiva construção de infraestruturas, maior independência teremos em relação a esse mesmo poder - o que por vezes chega a ser patético. Mas não deixo de dizer que num futuro a curto prazo esse cenário seria impossível e algo catastrófico a nível desportivo...