domingo, junho 18, 2006

O "Eterno Retorno"


Ainda falando no Universo, todos já ouvimos falar no teoria do "Big Bang" como criação de toda a vida. É uma teoria que parte do princípio de Friedmann, onde, enquanto o Universo se expande, a radiação contida e a matéria se esfriam.

Nesta altura é ainda impossível garantir que o Universo continuará a expandir-se infinitamente, levando à desagragação de toda a matéria e à sua morte, ou se eventualmente essa expansão abrandará e se iniciará um processo de condensação.

Esta última hipótese, que sustenta a possibilidade da ocorrência de um fenómeno inverso ao "Big Bang", o "Big Crunch", leva à conclusão de que este Universo poderá ser apenas uma instância distinta, de um conjunto mais vasto, a que outros 'Big Bangs' e 'Big Crunches' deram origem.

Partindo desta hipótese, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, propôs na sua teoria do Eterno Retorno ("Ewige Wiederkunft"), que o Universo e todos os acontecimentos que contém, se repetem ou repetirão eternamente da mesma forma.

O "Eterno Retorno" é um conceito filosófico, em que a vida e todos os conflitos que lhe são inerentes, toda sua tragédia, onde dor e prazer muitas vezes se misturam, é, por Nietzsche, considerada extremamente valiosa justamente por tal multiplicidade, que é vista como uma riqueza. Afirmar a existência implica, portanto, em ser capaz de saborear todas as suas nuances.

Dessa forma, Nietzsche coloca a seguinte questão: se, por acaso, um demônio aparecesse diante de ti, dizendo-te que tudo o que foi por ti vivido será repetido infinitamente, de maneira cíclica, o que você faria?

Se o víssemos como uma benção, significa dizer que mesmo com todas as dores a que podemos estar sujeitos, a vida vale a pena ser vivida e revivida, pela pura intensidade dos raros momentos de prazer. Tal é a visão daquele que é afeito ao jogo, tem sede de lutar, e prazer no combate.

Considerando uma maldição, por outro lado, Nietzsche diria tratar-se de alguém de vontade fraca, ou mesmo incapaz de encontrar "aquilo que lhe dá o mais elevado sentimento", aquilo que o motiva verdadeiramente.

Desta forma, voltando à pergunta formulada por Nietzsche: o que fariam se soubessem que tudo o que haviam vivido e iriam viver, já tinha acontecido e iria ciclicamente voltar a acontecer?

2 comentários:

LM disse...

"OK, agora cala-te e não me contes o fim que é para não estragares a surpresa. E mais uma coisa, se o que estás a falar é verdade então já te respondi isto milhões de vezes e vou continuar assim, por isso vê lá se entendes e desampara-me a loja pá" :)

Um pouco mais a sério, acho que o facto da pergunta ter sido feita logo por um demônio já é tendencioso. E porque não um anjo?

O Nietzsche, quando começou a divagar sobre este conceito, parece que assustou-se pela ideia que lhe trouxe.

Nem tanto a ideia de existir um eterno retorno, mas mais o de ter a noção que isso acontece. O ter a noção de que se tudo o que vivemos volta a acontecer também implica que tudo o que vivemos já aconteceu e isso é demasiado determinismo.

Mas de qualquer forma, como não nos lembramos é sempre novidade :)

E por isso é sempre uma questão de perspectiva, acho. Ou é um fardo ou um alívio, e isso depende da pessoa ser pessimista ou optimista (ou de ter tido uma boa / má vida até ao momento)

Ninguém gosta da ideia de ter de (re)viver todos os momentos maus, mas já os bons ninguém duvida que gostava de poder repeti-los.

PS - isto é divagação pura, já que a experiência maior que tenho com Eterno Retorno era a de chumbar a Filosofia

PS II - já agora, adicionei o link do Cantinho do Mundo no meu blog mas se quiseres retiro e volto a pôr o link e retiro e volto a pôr o link e retiro e volto a pôr o link e ...

Unknown disse...

Tá descansado. Podes por. E, como toda a (boa) acção tem uma consequência, também vou por um link para o teu blog, cá no Cantinho! ;)

(provavelmente isto já aconteceu e voltará a acontecer... freeky!!!)