quinta-feira, dezembro 01, 2005

Face (realy) Off

Médicos franceses anunciam primeiro transplante facial

Uma equipa médica francesa realizou o que diz ser o primeiro transplante parcial de um rosto alguma vez efectuado, dando um novo nariz, queixo e lábios a uma mulher que tinha sido desfigurada pelo ataque de um cão.

A intervenção foi realizada por duas equipas médicas no hospital de Amiens, no Norte de França, a uma paciente de 38 anos que recebeu os vários órgãos de um único dador. “A paciente está em excelente estado e o transplante está normal”, adianta um comunicado emitido pelo hospital.

Segundo a revista francesa “Le Point”, a intervenção – realizada pelos cirurgiões Jean-Michel Dubernard, especialista de Lyon, e Bernard Devauchelle, do hospital de Amiens – obrigou ao transplante de tecidos, músculos e vasos sanguíneos de um único dador.

Contudo, os médicos sublinham que o rosto da paciente não irá aparentar-se com o do dador nem com o que tinha antes do ataque, mas será uma face “híbrida”. A paciente, que pediu para não ser identificada, foi atacada por um cão no início deste ano, perdendo os lábios e o nariz, o que a impossibilitava de falar ou comer normalmente.

Há vários anos que o transplante facial é tecnicamente viável, estando diferentes técnicas a ser estudadas por equipas em França, Reino Unido e EUA. Os especialistas afirmam mesmo que, no caso de pessoas desfiguradas, é mais aconselhável optar pelo transplante da pele do rosto de um dador do que colocar enxertos de pele de outras partes do corpo do doente, com textura e cor diferentes da da face. Contudo, a aplicação destas técnicas tem sido retardada, tendo em conta as questões éticas e o impacte psicológico que uma mudança de rosto pode implicar.

Em declarações à BBC online, o cirurgião facial britânico Iain Hutchison, director da organização humanitária Saving Faces (uma organização dedicada à investigação na área) saudou o passo dado pela equipa francesa, sublinhando que se tratou “do primeiro transplante facial a usar pele de outra pessoa”. Contudo, o especialista lembra que esta intervenção implica vários riscos, não só porque o paciente pode rejeitar os órgãos doados (caso os imunodepressores não funcionem), como os vasos sanguíneos transplantados podem obstruir-se.

Da mesma forma, Hutchison sublinha as consequências psicológicas e as questões éticas que esta intervenção implica. “Temos de pensar de onde vão surgir doadores”, afirmou. “Os órgãos transplantados terão de vir de um doador cujo coração continue a funcionar. Por isso imaginemos o que é ter uma irmã nos cuidados intensivos e aceitarmos que o rosto dela seja removido antes que o ventilador ser desligado”. “Há sempre a possibilidade do doador continuar a respirar”, lembrou o especialista.

fonte: PUBLICO

Estamos cada vez mais perto de reproduzir aquela famosa "troca de caras" que vimos no filme "Face Off". Mais século, menos século, e a nossa cara deixará de ser um traço identificador individual, para passar a ser mais uma montra de exibição do ego de cada um de nós. Afinal, o que é que impedirá alguém de transformar a sua cara na imagem de beleza que sempre quis ter?...

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