domingo, agosto 18, 2013

A fatalidade de Agosto?

(imagem: Diário de Notícias / Joana Sousa (ASPRESS)

As últimas 48 horas foram dramáticas para as zonas altas do Funchal, com os incêndios que, mais uma vez, levaram parte da zona verde e puseram em risco pessoas e casas. 

Os sítios mais atingidos pelo fogo foram a Corujeira de Dentro, Lombos, Caminho dos Marcos, Eiras, Levada da Corujeira de Dentro, Caminho e Levada dos Tornos, Marmeleiros, Tílias, Laginhas, Desterro e Babosas. Um dos locais mais atingidos no Monte foi o complexo residencial das Laginhas, sendo que duas famílias que perderam a habitação tiveram de ser realojadas. Nesta freguesia houve mais casas perdidas, incluindo a do actual presidente da Junta, Duarte José Pereira, mas o número exacto não está ainda contabilizado. E a belíssima Igreja do Monte salvou-se por uma unha negra.

A situação foi também muito complicada na Fundoa, Alegria, Esperança, Cova, Galeão, Lombo e Lombo Jamboeiro, mas sem a destruição de qualquer habitação, graças à acção dos bombeiros. Em Santo António houve fogos intensos nos lombos do Curral Velho, Trapiche e Barreira.

Segundo as informações dadas, felizmente não há registo de feridos graves. Atenção que a situação ainda não está totalmente debelada. O calor intenso mantém-se, o vento não ajuda, e já houve notícias de alguns pequenos reacendimentos. 
 
Endereço desde já os meus parabéns pelo fantástica trabalho dos nossos bombeiros, que operam em condições muito complicadas, bem como de todos aqueles que ajudaram no combate aos fogos. Porém, mais do que palavras de conforto e incentivo, o que a nossa terra precisa é de meios, pessoas especializadas e prevenção.

Não podemos estar todos os anos com incêndios desta magnitude, que põem em causa todo o trabalho de recuperação que é feito durante o ano, e que causam milhares de euros em prejuízos às pessoas e às edilidades. Numa ilha como a nossa, cujo grande atractivo é a nossa floresta, não podemos levar a sua protecção de forma leviana. Se formos a contabilizar o custo dos incêndios que se verificaram nos últimos 3 anos, daria para pagar, por exemplo, o trabalho dos nossos bombeiros durante os próximos dez anos.

Continuamos a sacudir a responsabilidade para os outros e recusamo-nos assumir que há um enorme caminho ainda a percorrer de forma a tornar a cidade do Funchal, e o resto da ilha, ecologicamente responsável e as pessoas conscientes da necessidade (eu diria mesmo obrigação) de tomar todas as medidas necessárias para proteger os seus terrenos (nomeadamente procedendo à limpezas regulares e obrigatórias dos terrenos) durante todo o ano. Quer o Governo Regional, quer as Câmaras têm a obrigação de tomar todas as medidas necessárias para que sejam implementados os meios de controlo dos terrenos baldios, da recolha de lixo nas serras, do desimpedimento de estradas, etc., mesmo que tenham que recorrer à aplicação de coimas/contra-ordenações aos seus cidadãos prevaricadores. E é igualmente responsabilidade de todos nós denunciar situações suspeitas e promover comportamentos de limpeza e preservação dos nossos espaços verdes.

Há situações que não conseguimos controlar, é verdade. Mas é inadmissível que, ano após ano, estas calamidades se repitam e que ninguém nada faça para as contrariar. Estes incêndios não são uma fatalidade inevitável. 

 

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