terça-feira, novembro 13, 2012

O Mosquito, o Dengue e a Irresponsabilidade...


O mosquito de Santa Luzia está fora de controlo e, segundo a Extermínio, a situação irá agravar-se nos próximos tempos. 'Há muita irresponsabilidade na população, nas pessoas ligadas ao Ambiente, à gestão do lixo e às câmaras. Todos sacudiram a água do capote'. E, como se não bastasse, o concurso público lançado pelos Assuntos Sociais para o combate ao transmissor do dengue atrasou. As acções de desinfestação pararam em Maio e, deste então, o combate ao mosquito de Santa Luzia reduziu-se a intervenções esporádicas em algumas casas e hotéis. Enquanto se preparava o concurso público para controlar as populações de 'aedes aegypti', chegou o tempo quente e húmido do Outono e eclodiu uma nova geração de mosquitos. Os insectos não esperaram pelo concurso público da Secretaria dos Assuntos Sociais (que está pronto) e, neste momento, todos os dias há pessoas com pernas e braços picados, alguns com consequências dolorosas. 
Marta Gouveia, bióloga que estudou o 'aedes aegypti' na equipa de Rúben Capela na Universidade de Madeira, diz o mesmo. A Madeira tem o clima ideal para o mosquito de Santa Luzia: é quente, húmido e as diferenças de temperatura entre o Verão e o Inverno são pequenas. 'A eliminação de focos de águas paradas, a colocação de redes mosquiteiras nas janelas, o uso de repelentes e insecticidas são as recomendadas, mas dificilmente nos iremos livrar do mosquito. Está muito bem adaptado e nós temos muitos focos de água estagnada, muitas casas abandonadas onde não podemos entrar'. As consequências do mosquito de Santa Luzia continuam limitadas aos inchaços nas pernas e braços, embora Marta Gouveia lembre que ninguém é capaz de colocar de lado um possível surto de dengue na Região. A Madeira tem o vector de transmissão e não está livre de ter, sem o saber, o foco de infecção. 'Ninguém é capaz de prever se haverá ou não um surto de dengue. Não nos podemos esquecer que vivemos num Mundo aberto, há grande circulação de pessoas. Podem entrar turistas infectados, imigrantes do Brasil e madeirenses que foram visitar familiares à Venezuela. Não sabemos, não podemos prever'.

Estes dois trechos fazem parte de um notícia maior publicada no Diário de Notícias da Madeira, em 20 de Outubro de 2008, ou seja, há mais de 4 anos. Na altura ainda não se falava abertamente no Dengue ou em qualquer surto desta natureza mas há muito que sabíamos que o mosquito por aí andava, bem como a sua capacidade de propagação de doenças desta natureza.

O que se fez? Nada. A presente situação é o resultado da irresponsabilidade da população e de uma ainda maior irresponsabilidade das entidades competentes. O empurrar com a barriga para a frente à espera que o frio chegue e mate a mosquitada resultou numa das maiores ameaças ao turismo regional.

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