domingo, março 08, 2009

Uma Empresa de Adeptos

 


UMA EMPRESA DE ADEPTOS


Há muito que defendo que o que falta à maioria dos clubes desportivos do nosso país é uma gestão empresarial profissional. Não a gestão "à chico-esperto", que procura sempre o caminho mais fácil e, muitas vezes para benefício de um ou alguns, como é apanágio em Portugal, mas sim uma gerência com vista ao desenvolvimento sustentado da empresa e à criação de bases sólidas para a obtenção e manutenção de resultados. Mas, ao contrário de uma empresa comercial no sentido estrito, num clube desportivo, e ao lado desta necessária gestão profissional, existe outro pilar fundamental para o seu sucesso, que é a gestão da sua potencialidade humana. Dito por outras palavras, falo do seu capital humano - dos seus adeptos.


No final do mês passado faleceu o Orlando. Para a maioria dos leitores o Orlando era mais um seu conterrâneo. Mas ele tinha duas características especiais que me obrigam a recordá-lo nestas linhas: era meu amigo e era um apaixonado pelo Marítimo. Apesar da sua enfermidade, que o atormentou anos demais, fizesse chuva ou sol, o Orlando nunca perdia um jogo do seu clube. Sacrificava a sua já instável saúde para ver jogar o clube do seu coração. Promoveu o seu clube, não por reconhecimento, mas por achar que era o seu dever. E foi como Maritimista que a morte o levou.


A direcção do Marítimo no jogo contra o Vitória provou que a maior riqueza de um clube está nos seus adeptos. Com um singelo gesto - uma camisola autografada com o nome do Orlando e emoldurada foi entregue no estádio à esposa e filho - recompensou aquele adepto anónimo que tudo fez pelo seu clube e ofereceu à família uma recordação eterna. E ganhou, acima de tudo, algo que o dinheiro não compra: a fidelidade.


Descansa em paz, meu amigo.


 
Publicada no DN Madeira, a 08/03/2009.

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