Ontem os portugueses ficaram colados à televisão. Um assalto a uma dependência do BES foi o motivo. Mas desta vez, as câmaras que acompanharam o incidente não eram de nenhum estúdio de Hollywood. E os agentes intervenientes não eram o Denzel Washington, o Clive Owen ou o actual governador da Califórnia. Esta era mesmo uma cena da vida real.
Dois cidadãos brasileiros, com idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos, entraram às 15h05 na dependência do Banco Espírito Santo (BES), na Rua Marquês da Fronteira, junto a Campolide, com o objectivo de assaltar o espaço. Rapidamente cercados e encurralados pela PSP, os assaltantes fizeram das seis pessoas presentes, reféns, amarrando-lhes os pulsos, sob a ameaça de armas de fogo.
Depois de 8 intensas horas de negociações, em que conseguiram a libertação de 4 reféns, pelas 23h23, com os dois brasileiros junto à porta da dependência, apontando armas à cabeça dos dois reféns restantes, o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia de Segurança Pública levou a cabo uma operação relâmpago para libertar os dois funcionários do BES. Ao todo três tiros foram disparados, sendo dois efectuados por atiradores especiais da polícia que imediatamente imobilizaram os assaltantes.
Um dos sequestradores, ferido com gravidade pelos disparos dos agentes da PSP, foi transportado para o Hospital de São José a bordo de uma viatura do INEM. O segundo sequestrador sucumbiu aos disparos.
Foi uma operação bem delineada e competentemente executada a todos os níveis. Desde a rápida resposta ao alarme, com o encerramento da rua e encurralamento dos assaltantes, como o resgate dos reféns, quer primeiro por negociação, quer por fim à força, sem quaisquer danos colaterais.
Obviamente que nem todos vão achar o mesmo. Alguns vão considerar até que os GOE foram brutais e/ou assassinos. Mas o que estas pessoas esquecem é que, o que ontem assistiram não era um filme assinado por um qualquer realizador americano. Não havia nenhum argumento escrito em que no fim os bandidos se rendiam em estilo. A incerteza era grande, sobretudo porque o desespero começava a imperar nos assaltantes, encostados à parede, mais pressionados pelo cansaço e pelo decorrer do tempo. É nesta altura em que se tornam mais perigosos, quando já nada têm a perder. E, nestas situações, a prioridade é sempre o refém.
Para mim, a PSP tomou a decisão correcta. E tenho a certeza que nenhum dos reféns, familiares e pessoas presentes, pensarão o contrário. Bom trabalho. Fica a mensagem para os próximos prevaricadores.
Eis o vídeo do momento em que os GOE acabam com o desespero dos reféns e sua família...
(imagens cortesia jornal "Publico")

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