domingo, outubro 08, 2006

As polícias...

Este foi um fim de semana tramado para a GNR. Ainda na sexta-feira ficamos a saber que o comando da GNR tentou evitar a detenção do militar suspeito de homicídio. Foram mesmo omitidas diligências importantes ao Ministério Público de forma a evitar que o soldado, que havia atingido mortalmente um jovem e ferido outro com gravidade, durante uma perseguição automóvel, não fosse apresentado a juízo.

A GNR atrasou a diligência, tendo afirmado, por mais do que uma vez, que o soldado estaria a receber apoio psicológico e que não podia deslocar-se às instalações da PJ para prestar declarações. O pior veio depois. Quando a PJ finalmente deteu o soldado da GNR, António Costa, ministro da Administração Interna, foi pedir satisfações a Alberto Costa, ministro da Justiça, sobre aquilo que dizia ser uma prisão ilegal. Alegava mesmo que o GNR só podia ser preso por outro GNR, o que causou a estupefacção geral quer na PJ quer no MP, por não haver nada na lei que o determine.

Ainda hoje, de madrugada, a GNR feriu a tiro em Grijó, em Gaia, um jovem de 22 anos e um rapaz de 17, após o furto de uma viatura e uma hora de perseguição pelas freguesias do concelho. O jovem terá roubado uma viatura Toyota Hiace cerca das 23h00 de sábado na freguesia de Carvalhos, cujo proprietário apresentou queixa no posto da GNR. A Polícia Judiciária foi de imediato chamada, e coordena agora as investigações. A GNR abriu um inquérito interno.

O primeiro episódio (e suspeito que o segundo irá gerar ainda mais polémica), insere-se num clima de tensão entre as polícias tuteladas por diferentes ministérios, o da Administração Interna e o da Justiça, que têm dificultado a comunicação entre os diferentes órgãos de polícia criminal. Discute-se competências, ingerências em jurisdições e sobretudo ineficácia.

Creio que esta situação é por demais evidente que o sistema assim não funciona. Cria-se concorrência entre serviços, que em nada beneficia o público. Francamente nem consigo muito bem compreender o porquê deste sistema. Já está na altura de uma vez por todas acabar com a GNR (último resquício dos tempos salazaristas), e de reformar e/ou transferir os seus operativos para um único orgão policial, sob a tutela de um único ministério.

1 comentário:

Anónimo disse...

O conceito de serviço público não mora aqui.