quarta-feira, setembro 20, 2006

O direito ao "Nuclear"


Falando na Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, o Presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, defendeu ontem o direito do seu país à energia nuclear.

Ahmadinejad afirmou que "todas as nossas actividades nucleares são transparentes, pacíficas e sob os olhares atentos dos inspectores da AIEA", sigla da Agência Internacional de Energia Atómica. Se alguém deve ser controlado são "os que fizeram bombas atómicas e têm como triste balanço o facto de as terem utilizado contra a humanidade", uma referência clara e explícita aos Estados Unidos.

O Tratado de Não-Proliferação Nuclear é a pedra fundamental dos esforços internacionais para evitar a disseminação da tecnologia nuclear, e para viabilizar o seu uso pacífico, da forma mais ampla possível. Quando foi ratificado em 1970, tinha como objectivo limitar as armas nucleares dos cinco países que o reconheciam - Estados Unidos, a então União Soviética, Grã-Bretanha, China e França, estes últimos apenas a partir de 1992.

Mais, os cinco "países nucleares" são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e estão obrigados, sob o tratado, a não transferir armas nucleares para "países não-nucleares", nem ajudá-los a obtê-las.

Com base nisto, Ahmadinejad - deliberamente ou não, fica a questão - acusa os EUA de utilizarem e abusarem deste tratado, como forma de controlar a capacidade nuclear do mundo, mantendo para si, o domínio do nuclear.

Aviso: embora esteja a me imiscuir numa área em que os meus conhecimentos são de um mero leigo, não consigo deixar de levantar a seguinte pergunta: como é que somos capazes de distinguir claramente o que é a energia nuclear "bélica" da "civil", sobretudo numa fase inicial? Sobretudo na questão do "enriquecimento de urânio", que mostra-se algo irresolúvel nas presentes condições pois, como se sabe, este procedimento tanto pode ser usado no fabrico de armas nucleares, como o seu uso pode limitar-se à forma de combustível que alimenta as centrais nucleares.

No fundo, tudo depende da abertura do próprio país aos agentes da AIEA. Mas como é que convencemos um país muçulmano, no presente momento histórico, de que a inspecção é isenta e desinteressada politicamente, quando o principal membro do Conselho de Segurança da ONU, é exactamente os E.U.A.?

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