terça-feira, junho 20, 2006

O Ditador


No sentido moderno, quando nos referimos a um governante absolutista ou autocrático, que assume solitariamente o poder sobre o Estado, e apesar de o termo não ser aplicado a monarquias absolutistas, estamos a falar de ditadura e de um ditador.

Mas nem sempre foi assim.

Ditador era o título de um magistrado da Roma antiga apontado pelo senado para governar o estado em tempo de emergências. Os ditadores romanos eram geralmente apontados por um consul e eram investidos de avassaladora autoridade sobre os cidadãos, mas era originalmente limitados por um mandato de seis meses e não possuiam poderes sobre as finaças públicas. Lucius Cornelius Sulla e Júlio César, entretanto, aboliram estas limitações e governaram sem estas restrições. Apenas após o assassinato de César é que os romanos abandonaram a instituição da ditadura.

Ditadores modernos geralmente vieram ao poder em tempos de crise. Muitas vezes tomaram o poder através de um golpe de estado, mas noutras, como os casos de Benito Mussolini na Itália e Adolf Hitler na Alemanha, ascenderam ao cargo através de meios legais e, uma vez no poder, gradualmente dissolveram as suas restrições constitucionais. A concentração de poder do Partido Comunista da União Soviética em Joseph Stalin se desenevolveu numa ditatura pessoal, mas após a sua morte emergiu um sistema de ditadura coletiva. Diversas nações latino-americanas e africanas passaram por diversas ditaduras, muitas sob o comando de uma junta militar.

Num Portugal em crise, em pleno século XX, António de Oliveira Salazar ascendeu à pasta das Finanças em 1928 e entre 1932 e 1968 foi o ditador que dirigiu os destinos do nosso país, com o cargo de Presidente do Conselho de Ministros. Na imprensa, especialmente a que lhe era favorável, Salazar seria muitas vezes retratado como salvador da pátria. O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, dos monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder.

A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o Presidente da República consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a oposição democrática se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, recusando o regresso ao parlamentarismo da 1ª República, dá a solução: cria a União Nacional, movimento nacional (na prática um partido único) aglutinador de todos quantos quisessem servir a pátria.

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