sexta-feira, janeiro 27, 2006

Em busca de uma nova casa

Astrónomos identificam planeta com características “semelhantes” à Terra

Um planeta extra-solar, “cujas características se assemelham” às da Terra, foi identificado a cerca de 20 mil anos-luz do centro da Via Láctea, anuncia uma equipa internacional de astrónomos num artigo da revista “Nature”.

Este planeta sólido foi baptizado OGLE-2005-BLG-390Lb, avança em comunicado Jean-Philippe Beaulieu, do Instituto de Astrofísica de Paris, que coordenou os astrónomos do Probing Lensing Anomalies NETwork (PLANET).

O planeta está três vezes mais distante da sua estrela do que a Terra está do Sol, o que poderá explicar a baixa temperatura, estimada em 220 graus negativos. A sua superfície rochosa estará coberta de gelo. Apesar de ser mais frio, o planeta tem uma atmosfera muito parecida com a da Terra.

Para Pascal Fouqué, do Laboratório de Astrofísica de Toulouse e Tarbes, a temperatura “extrema” do planeta “impede, provavelmente, a emergência de uma forma de vida”.

Na última década, a comunidade científica detectou mais de 160 planetas na órbita de estrelas fora do nosso sistema solar. A maioria são planetas gigantes, formados por gás, hostis à vida como a conhecemos na Terra.

Agora, esta equipa internacional – constituída por 73 cientistas de 32 institutos, de doze países – detectou um planeta que terá cinco vezes a massa da Terra, ainda assim pequeno o suficiente para ser considerado semelhante à Terra.

"Embora não tenhamos encontrado um (planeta) verdadeiramente análogo à Terra, pelo menos sabemos que planetas pequenos existem e que são mais quentes ou mais frios do que a Terra", explicou Martin Dominik, da Universidade de St. Andrews.

“Este é um importante avanço na procura de sabermos se estamos, ou não, sozinhos”, comentou Michael Turner, da National Science Foundation.

Turner lembrou ainda que a descoberta prova o sucesso da nova técnica usada – as chamadas micro-lentes gravitacionais - para detectar planetas habitáveis. Este método utiliza uma rede de telescópios que observam as alterações no brilho que nos chega de estrelas distantes.

Mais um (pequeno) passo em busca de alternativas ao nosso planeta. E convém despacharem-se porque, da forma como temos vindo a tratar a nossa casa, em breve ou imigramos para o espaço, ou ficaremos sem abrigo.

Sem comentários: