terça-feira, outubro 04, 2005

Judeus e Muçulmanos iniciam período religioso

Judeus entram no ano 5766 e muçulmanos iniciam Ramadão

Os judeus entraram hoje no Ano Novo - o ano de 5766 da criação do homem, mais exactamente -, enquanto os muçulmanos do mundo inteiro começaram o seu Ramadão, o mês mais sagrado para os seguidores do islão. Como em ambas as religiões o dia se inicia ao pôr do Sol, o início do novo ano e do mês sagrado foi assinalado na noite de ontem.

A coincidência de datas é casual, já que o calendário, apesar de ser lunar em ambos os casos, é diferente no judaísmo e no islão. No caso dos judeus - cerca de 15 milhões no mundo inteiro -, o Ano Novo estende-se, em toda a diáspora - incluindo Portugal - pelos dias de terça e quarta-feira. Em Israel é celebrado apenas hoje.

Esta diferença remonta ao início da Era Comum, quando os judeus se dispersaram, após a destruição do Templo de Jerusalém no ano 70. A vice-presidente da Comunidade Judaica de Lisboa, Esther Mucznik, explica ao PÚBLICO que, tendo em conta a incerteza sobre o dia em que se iniciava a lua nova, a festa passou a ser de dois dias, na diáspora.

O Rosh-ha-Shana - literalmente, a "cabeça do ano" -, Ano Novo judaico, é sempre celebrado no início do mês de Tishré (que calha entre Setembro e Outubro). O seu início é assinalado por uma cerimónia especial na sinagoga, que começa pelo toque do shofar, o instrumento de sopro feito com um corno de carneiro. Em casa, o jantar é especial e inclui sempre dois elementos simbólicos: a romã, com o voto de que os judeus sejam numerosos como os grãos do fruto; e maçã com mel, com desejos de que o ano seja doce - em outros países, em vez da maçã pode ser o figo, por exemplo.

Iniciado o novo ano, começa também um período de dez dias em que os crentes são convidados à introspecção e à reflexão sobre a sua vida. No final desse tempo, no dia de Yom Kipur, ou dia do Grande Perdão, onde também se toca o shofar, cada judeu deve então pedir perdão a Deus e ao próximo pelos seus erros. Este ano, o Yom Kipur será do pôr do Sol de dia 12 até ao pôr do Sol de 13 de Outubro.

Aproximar-se do Criador

No caso do Islão, hoje é o primeiro dia de jejum, uma das principais obrigações do crente (adulto e que não esteja em situação de debilidade física ou em situações especiais, como é o caso das grávidas) durante o mês de Ramadão. O nono mês do calendário islâmico iniciou-se também ao pôr do Sol de ontem com o aparecimento da lua nova.

"O sentido do Ramadão é levar o crente a aproximar-se mais profundamente do Criador", diz ao PÚBLICO o xeque David Munir, imã da Mesquita de Lisboa. "Estar grato para com Deus e relembrar as pessoas que não têm fé" são atitudes que devem estar presentes na experiência de cada muçulmano, de um modo especial durante este mês. A leitura do Alcorão é também especialmente recomendada. O Ramadão é o mês em que, de acordo com a tradição islâmica, o livro sagrado foi revelado. Por isso é importante "ler e praticar" o Alcorão mais intensamente durante este mês, diz David Munir.

Durante este tempo, uma oração especial é rezada na mesquita, após a última das cinco preces diárias normais. O que significa que, este ano, ela será rezada a partir das 21h00 (recuando depois esse horário para as 20h30, tendo em conta a hora do pôr do Sol).

fonte: PUBLICO

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