
Está feliz e emocionado o novo treinador campeão de Inglaterra. Em termos pessoais é mais uma grande vitória. Chegou, viu e venceu num país onde o estrangeiro é olhado com desconfiança e de soslaio. Mourinho sentiu isso na pele. Desabafou quando ganhou a Taça da Liga. A grandeza do que conseguiu esta época transcende os dois títulos que já coleccionou. Ganhou «contra ventos e marés » e direccionou o Chelsea para um caminho que pode levar ainda a um sucesso maior. Orgulha-se pelo grande significado que a conquista teve para jogadores, adeptos e Abramovich. E adverte que os adversários têm de passar a olhar o Chelsea, agora, de forma diferente. Hoje, toda a Inglaterra está rendida e diz a uma só voz que Mourinho é especial. Ele tinha avisado.
— Quais os seus sentimentos depois de conduzir o Chelsea ao segundo título da história?
— Estou feliz, quem é que não fica ao viver uma situação destas. E fiquei contente também pelos jogadores, pelos adeptos, pelo clube e por Roman Abramovich. E há uma coisa que não posso deixar de afirmar: independentemente da diferença existente para o segundo classificado [o Arsenal, que joga hoje, está a 14 pontos de distância] e da que possa vir a existir no final do Campeonato, é muito mais difícil ser campeão em Inglaterra do que em Portugal.
— Por que razões?
— Porque os adversários são mais fortes, a Liga inglesa e a época desportiva são muito mais competitivas e, logo, mais difíceis. Também foi difícil ser campeão porque o Chelsea não conquistava um campeonato há 50 anos, porque o Arsenal e o Manchester United têm um estatuto diferente do Chelsea no plano institucional. Depois, foi ainda difícil porque sou estrangeiro. Mas acabei por ganhar contra ventos e marés. Naturalmente, por este quadro, sou um homem contente.
— Ganhou um campeonato, mas isso não é uma novidade para si. O mesmo não pode dizer da maioria dos seus jogadores.
— Sinto um grande orgulho por eles e foi emocionante ver as suas reacções. E ganhar com jogadores que nunca tinham conquistado um título deixa-me também emocionado, muito especialmente porque acreditaram em mim desde o primeiro dia. Formámos um grupo muito forte em todos os aspectos, sempre com a ambição de vencer. Estes jogadores sempre nortearam e seguiram o trabalho em direcção a esta conquista. Em Bolton, o ambiente foi fantástico. Por eles e pelos adeptos, pois vi muitos a chorar, este título tem um significado muito grande para mim, pois esta gente esperou meio século para viver este momento.
— Um título que tem grande significado para Roman Abramocivh...
— Uma grande parte do título é, naturalmente, dele e como esteve sempre perto de nós não podia deixar de participar na festa. Abramovich não veio para este clube com fins lucrativos, mas sim com objectivos emocionais. Comprou o Chelsea para se divertir e, agora, começou a sentir o sabor do sucesso, acreditando em mim. Ele vê o futebol de uma forma muito especial, conseguindo aliar o poder económico à paixão do jogo. E é bom que pessoas assim se associem ao jogo. Em suma, também ganhámos o título por ele e fizemo-lo, por justiça, senti-lo importante.
— Será mais difícil vencer a Premier League na próxima temporada?
— Nunca se sabe. O que me parece óbvio é que Arsenal, Manchester United e Liverpool, depois do que se passou esta época, procurem ter equipas mais fortes de forma a procurarem ocupar o nosso lugar na próxima temporada. No entanto, se nós fomos campeões é porque estamos no caminho certo e se conseguirmos manter a maioria destes jogadores e contratar dois ou três jogadores, como é meu objectivo, acredito que o Chelsea se poderá tornar ainda mais forte, coeso e competitivo. Julgo que podemos chegar lá e acabar, sem e é permitida a ideia, com aquela rotação entre Manchester United e Arsenal. Portanto, a partir de agora vão ter de olhar para nós com outros olhos.
fonte: "A BOLA"
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