quinta-feira, julho 28, 2005

O adeus do Ballet Gulbenkian

Ex-bailarinos do Ballet Gulbenkian no Teatro Camões para último encontro com público

Um grupo de ex-bailarinos do Ballet Gulbenkian sobe ao palco do Teatro Camões, em Lisboa, no domingo para um "último encontro entre intérpretes e público", disse a bailarina Cláudia Nóvoa.

Os 27 bailarinos que integravam o Ballet Gulbenkian - que no dia 5 de Julho foi extinto pelo conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian - apresentam no Teatro Camões o espectáculo "Cantata", do italiano Mauro Bigonzetti, e uma performance surpresa que contará com a interpretação ao vivo do grupo Danças Ocultas.

"A companhia acabou de uma maneira tão inesperada (que) todos sentimos a necessidade de uma última reunião em palco", explicou Cláudia Nóvoa, que faz parte do grupo que vai actuar no Teatro Camões. Para a bailarina, este espectáculo é também uma forma de agradecer as manifestações de apoio que todo o elenco que fazia parte da companhia tem recebido por parte do público, entidades e figuras públicas.

Claúdia Nóvoa salientou que esta reunião não é nenhuma manifestação de protesto (pela extinção da companhia) mas sim um último encontro com o público. Sobre o futuro dos bailarinos que integravam o Ballet Gulbenkian, a intérprete admite que é incerto e que todos procuram agora um novo rumo.

A Fundação Calouste Gulbenkian anunciou em comunicado no dia 5 de Julho a decisão do conselho de administração de extinguir a companhia de ballet criada há 40 anos, no âmbito de uma reestruturação e face ao novo enquadramento da dança em Portugal. Ao anunciar a sua decisão, a Fundação disse que tem a intenção de reforçar a área da dança e da coreografia no âmbito do seu Programa de Criatividade e Criação Artística, instituir bolsas para o estrangeiro, fazer acções de formação e apoio a escolas e companhias através de ateliers e aulas com professores conceituados.

Ballet não é propriamente uma das minha áreas de interesse, mas desde pequenito que sempre ouvi falar com admiração do grupo de dança do Ballet Gulbenkian. A notícia da sua extinção foi uma surpresa e não deixou de causar alguma perplexidade, tendo em atenção este ser um dos grupos mais bem sucedidos de Portugal.

Apesar de todas as razões que possam assistir à Fundação, é sempre triste assistirmos a um conjunto de trabalhadores, que ainda por cima apreciam e adoram aquilo que fazem, de um dia para outro, ver o seu posto de trabalho extinto e, consequentemente, ficar sem emprego. Algo que não nos pode ser indiferente e não pode deixar de merecer uma reflexão profunda sobre o estado do país.

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