quarta-feira, dezembro 21, 2005

O último debate?

Soares ao ataque, Cavaco à defesa

Soares ao ataque, Cavaco à defesa. O último e mais esperado debate televisivo a propósito das presidenciais ficou ontem marcado pela constante marcação do candidato socialista e ex-Presidente Mário Soares ao passado governativo - e ideias sobre os poderes presidenciais - do candidato apoiado pelos dois partidos da direita, Cavaco Silva.

Mário Soares sabe que está atrás de Cavaco nas intenções de voto. E que tem pouco mais de um mês para recuperar terreno. Assim, poucas hipóteses tinha Soares que não entrar ao ataque. E fê-lo da maneira que menos é apreciada pelos portugueses - enxovalhando o adversário.

Cavaco sabe que está à frente. Cavaco sabe que o actual cenário social/político/económico é lhe favorável. Sabe que a contestação social é grande. Não é por acaso que o ex-primeiro ministro escolheu este momento para apresentar a sua (re)candidatura à presidência. A exemplo de ontem, limita as suas intervenções ao mínimo essencial e evita confrontos directos.

Soares tentou explorar a imagem do seu adversário. Apresentou-o mesmo como um "risco" e explicou porquê: "Cavaco Silva fala de coisas que vai fazer como Presidente da República para as quais não tem competência. Está a enganar os portugueses. Se não se meter dentro das suas competências, vai criar graves problemas políticos e institucionais", advertiu o candidato apoiado pelo PS. Soares tentou apresentar Cavaco Silva como alguém "distante" dos portugueses e sem provas dadas para servir como apaziguador. Sobretudo pegou nas palavras de Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, e acusa-o de ser o pai do défice.

Aos ataques de Mário Soares, Cavaco Silva defendeu-se evitando responder às provocações do seu adversário. "Eu já fui julgado", repetiu muitas vezes. O único indício de crítica a Mário Soares não foi além de uma indirecta a propósito da própria decisão de Soares de avançar para a candidatura: "Eu faço aquilo que digo. Não mudo de opinião."

Soares precisa de mais tempo e precisa de mais debates para subir na tabela. Para Cavaco, quanto mais depressa chegar às urnas, mais rapidamente ganhará.

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