sexta-feira, agosto 05, 2005

Os "traidores"...

Liberdade política? O que é isso?

Nos últimos 6 anos alguns independentes sentiram na pele o desafio de abraçar a política pela oposição.

João Inácio, ex-treinador da equipa de futebol do "Pontassolense" abandonou o cargo poucos dias de se saber que era candidato, pelo PS, à Câmara da Ponta do Sol. O caso de João Inácio não é virgem na Região. Embora tenha sido negado por ambas as partes que a saída do treinador fosse motivada por razões políticas, as mais recentes declarações de AJJ apenas confirmaram aquilo que todos suspeitavam.

Basta recuarmos alguns anos no tempo e encontramos outros "casos" onde dirigentes, atletas e treinadores "recrutados" por partidos políticos da oposição sofreram as consequências da ousadia.

Publicamente, ninguém admite a existência de nexo de causalidade entre o desafio de dar a cara por um projecto da oposição e as consequência daí advindas. Lembro-me do ex-treinador do Marítimo, Nelo Vingada que, nas legislativas nacionais de 1999, entrou num tempo de antena do PS, "obrigando" Carlos Pereira a dirigir-se à Quinta Vigia para justificar a atitude do ex-treinador. Apesar de anos mais tarde, o professor até ter sido alvo de um "louvor" do Governo Regional, pelo seu contributo à Região. Mas isso são contas de outro rosário.

Mais recentemente, foi público o incómodo de AJJ e seus pares, pelo facto do ex-treinador do Marítimo, Mariano Barreto, integrar a comissão de honra do PS às legislativas antecipadas de Fevereiro de 2005.

No plano autárquico, foi pública a polémica gerada em Dezembro de 2001 pelo facto do então capitão da equipa do Madeira Andebol SAD, Paulo Vieira ter aceite ser o n.º 9 da lista encabeçada por José António Cardoso à Câmara do Funchal. Sanada a situação, o atleta, ainda hoje, trata o assunto com pinças embora não tivesse sofrido represálias na sua carreira docente e de atleta. Apesar de convidado, este ano, decidiu não aceitar enquanto for jogador profissional.

Também nas autárquicas de 2001, foi pública a candidatura da presidente do grupo coral do Arco da Calheta, Fátima Gouveia na coligação PS/CDS à autarquia calhetense e o que isso causou em termos de alegadas represálias.

Com efeito, as questões políticas são colocadas ainda a montante. Nos actos eleitorais para os clubes e associações a simpatia e/ou filiação dos candidatos é logo aferida. Ainda recentemente viu-se a polémica nas eleições para a Associação Cultural e Desportiva de São João (Ribeira Brava) com a deputada Sara André a avançar depois de um congresso da JSD no Porto Santo onde ousou discordar da liderança da "jota".

Também foi pública a polémica para as Regionais de 2000 quando o PSD impugnou no Tribunal Constitucional o nome do estão cabeça de lista pelo PS, Valentim Teixeira por ser chefe de finanças local.

Mas, se a candidatura de dirigentes, atletas e treinadores for "laranja" ninguém se parece incomodar. A lista é longa. Aqui ficam alguns nomes: Horácio Bento de Gouveia, presidente da Associação de Badminton, candidato a vereador em São Vicente; Ismael Fernandes, presidente da Associação Desportiva da Ribeira Brava, candidato a presidente da Câmara; Roberto Silva, candidato a presidente da Câmara do Porto Santo, presidente do Sporting Clube do Porto Santo; Jorge Faria, presidente do Centro Social e Desportivo de Câmara de Lobos, presidente da Assembleia Municipal; Pedro Calado, candidato a vereador no Funchal, co-piloto de ralis; etc...

O nosso texto essencial diz-nos que ninguém pode ser prejudicado em virtude da sua opção política. Longe estamos nós dessa realidade. Esta é uma terra que tem uma dupla face. Sujeita a interesses, amigalhados, conveniências, cunhas e negócios obscuros - eis a face negra da Madeira.

Sem comentários: