domingo, julho 03, 2005

Viagem ao centro de um... cometa

Sonda Deep Impact lança hoje um projéctil contra o cometa Tempel 1

Amanhã é o dia D da missão Deep Impact, a missão da agência espacial norte-americana NASA, que pretende desvendar os segredos da formação dos cometas, mergulhando precisamente no coração de um deles - o Tempel 1. A sonda, que foi lançada em Janeiro, libertou hoje de manhã um projéctil em cobre e alumínio, do tamanho de uma máquina de lavar roupa, com 370 quilos, que irá embater no cometa, um corpo de 14 quilómetros de comprimento e mais de quatro de largura.

As consequências desse impacto são inesperadas. Pode ser que abra um buraco do tamanho de um campo de futebol no Tempel 1, dizem os cientistas. Ou que o cometa prove que é bem mais duro de roer e que seria necessário mais do que uma máquina de lavar para lhe infligir danos. Nesse caso, talvez o projéctil faça apenas um buraco de dez a 20 metros. Por aqui se vê o grau de incerteza sobre o que pode acontecer.

O dia escolhido para o desfecho desta missão não podia ser melhor que o 4 de Julho, Dia da Independência dos Estados Unidos. Se tudo correr como planeado, o impacto do projéctil libertado pela sonda, contra o cometa, a uma velocidade de 37.100 quilómetros por hora - cem vezes a velocidade de uma bala de calibre 22, compara a revista Science - pode provocar uma espécie de fogo-de-artifício gigante. O embate deverá provocar a fragmentação de material do cometa e sua pulverização pelo espaço. A festa, a uma distância de mais de 133 milhões de quilómetros da Terra, será registada por telescópios espaciais e observatórios astronómicos em todo o mundo.

Mas certezas só amanhã, depois das 6h44 (hora de Lisboa). É para esse momento que está marcado o embate com o Tempel 1. As primeiras notícias deverão chegar ao centro de controlo da NASA cerca de sete minutos e meio depois - o tempo que a transmissão de dados leva a chegar até à Terra - e, passando pouco das sete horas da manhã, a NASA conta emitir as primeiras informações do impacto. Sejam lá quais forem. "Não fazemos ideia do que se vai passar, para ser honesto", confessou à Science Michael A"Hearn, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e investigador principal da missão Deep Impact.

Esta missão custou 333 milhões de dólares (278 milhões de euros) e, se correr sem problemas, permitirá conhecer um cometa por dentro, no verdadeiro sentido da palavra. Tal pode ser útil, para além de cientificamente desafiante, caso um dia destes algum destes corpos se cruze com a trajectória da Terra e torne certas fantasias em realidade, como a construída no filme Deep Impact, de 1998, a que esta missão roubou o nome, e em que um cometa entra precisamente em rota de colisão com a Terra.

fonte: PUBLICO

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