sexta-feira, julho 15, 2005

Versão portuguesa só no final de Outubro

Os leitores portugueses que não lêem em inglês terão de esperar por Outubro para conhecer o sexto volume da saga do aprendiz de feiticeiro - "Harry Potter and the Half-Blood Prince". A Presença, que detém os direitos em Portugal, só amanhã receberá o original para tradução. "Recebemos o livro na mesma altura que os leitores comuns", diz Inês Mourão, responsável pela comunicação e relações públicas da editora. Por isso, não é possível saber ainda qual será a tiragem ou o preço, "calculados mediante a obra".

O volume anterior ao que é lançado hoje, "Harry Potter e a Ordem da Fénix" (752 páginas, lançado em Novembro de 2003), teve uma tiragem inicial de cem mil exemplares e um preço de 20 euros. Mas já vai na 3.ª edição, com 201 mil livros vendidos. O primeiro, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (Out. 1999), vendeu até agora, em Portugal, 401 mil exemplares; "Harry Potter e a Câmara dos Segredos" (Jan. 2000), 311 mil; "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" (Mar. 2000), 261 mil; e "Harry Potter e o Cálice de Fogo" (Nov. 2000), 216 mil.

A equipa de tradução para a língua portuguesa deverá manter-se, com quatro profissionais: Alice Rocha, Isabel Fraga, Manuela Madureira e Isabel Nunes, que também coordena, normalizando critérios e harmonizando estilos. Isabel Nunes explicou ao PÚBLICO quais as maiores dificuldades na tradução dos livros de J.K. Rowling: "A necessidade de ser criativo em tempo recorde, porque a autora faz muitos jogos de palavras que resultam muito bem em inglês, mas torna-se difícil encontrar equivalência em português, mantendo o mesmo efeito." Na Ordem da Fénix, a tradutora optou por dar algumas explicações em rodapé, "para não se perder a intenção da autora, mas não se pode abusar deste tipo de notas". Outros dos desafios à imaginação de quem traduz são os sotaques das personagens e as designações de certas invenções.

Embora só esta noite consiga obter um exemplar da obra a traduzir (o que desagrada a Isabel Nunes, "vou eu buscá-lo a Lisboa"), já anda há algum tempo a pensar no que fazer com o título "Half-Blood Prince", "que pode ter conotações desagradáveis ou ser mal interpretado". E conta que Rowling, "que normalmente não se preocupa com estas questões", chamou a atenção para a natureza do título, pedindo aos tradutores que encontrassem "soluções criativas". As personagens half-blood do universo Harry Potter descendem de Muggles (humanos), mas também têm sangue de feiticeiro. Quando a expressão surgiu no meio do texto, traduziu-se umas vezes por "meia-raça" ou "sangue impuro". "Mas nenhuma dessas será a escolhida", diz a coordenadora da tradução. Sobre a informação de que em Espanha se iria optar por algo como Príncipe Mestiço e em França por Príncipe de Sangue Misto, Isabel Nunes diz que nenhuma destas lhe agrada, "ainda não há decisão, pode ser que o nome do príncipe nos ajude a chegar a uma solução".

fonte: PUBLICO

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