sábado, abril 13, 2013

O Forte do Pelourinho - a História no meio das obras


(imagem: Diário de Notícias)

Os trabalhos na foz das ribeiras de João Gomes e de Santa Luzia no Funchal desvendaram uma descoberta que será de grande relevância para arqueologia madeirense. Foram encontrados panos das muralhas da Fortaleza de São Filipe do Pelourinho, situada entre as duas linhas de água que atravessam a cidade do Funchal e que, de acordo com o andamento das investigações, ficarão mais à vista.

Mas afinal o que é foi encontrado?

A Fortaleza de São Filipe do Pelourinho, também referido como Forte Novo da Praça, Fortaleza Nova da Praça ou simplesmente Forte do Pelourinho, localizava-se em frente ao mar, entre a ribeira de Santa Luzia e a ribeira de João Gomes, no centro histórico da cidade do Funchal, julgamos nós entre os séculos XV e XVII. Reza a história que terá sido erguida para complemento da Fortaleza de São Lourenço e reforço das defesas do porto do Funchal.

As primeiras notícias que chegaram até nós, envolvem a sua construção e referem a tomada de casas para a construção de uma "fortaleza", isto em 1574, junto à ponte de Nossa Senhora do Calhau. Alguns anos mais tarde, um certo António Álvares, apelidado de "o Nordeste", mandou lavrar testamento em 11 de Junho de 1578, legando a sua esposa umas casas em que viviam, observando "que se se desmancharem por causa da fortaleza, o Provedor, com o dinheiro delas, comprará outra propriedade". Pensa-se que a nova fortaleza já estaria concluída e totalmente artilhada em Outubro de 1581, conforme comprovam os registos da comunicação do capitão Luís Melo a D. Francisco de Alava em Lisboa, onde são fornecidos desenhos da mesma. 

No Verão desse ano, Filipe II de Espanha determinou ao conde de Lanzarote, nas Canárias, que avançasse com cerca de duzentos milicianos, reforçados por artilheiros tudescos de Sevilha, para fazerem face à ameaça representada pelas armadas de António I de Portugal que estavam sitiadas no nos Açores e por entretanto haverem falecido de peste em Almeirim, o capitão do Funchal e seu herdeiro. Essas tropas foram aquarteladas na Fortaleza de São Lourenço e na Fortaleza Nova da Praça, passando esta última a ser comandada pelo capitão Juan de Léon Cabrera, da ilha de Maiorca.

Após a Restauração da Independência, a Fortaleza Nova da Praça, como foi designada até aos finais do século XVII, foi sempre guarnecida por forças insulares, e era diante do seu Portão de Armas que se estabeleciam as vigias e as rondas do Funchal, daqui partindo para Santiago e para os Ilhéus, pontos extremos de observação. No último quartel do século XIX, perdida a sua função militar, foi vendida pelo Ministério da Guerra, tendo dado lugar a um grande armazém, até desaparecer de vez. Até hoje!

Para já, segundo foi apurado, uma equipa de arqueólogos da Direcção Regional dos Assuntos Culturais está acompanhar a par e passo o desenvolvimento das obras que estão a decorrer na frente mar, conforme estipula a legislação em vigor, que estabelece as bases da política e do regime de protecção e valorização do património cultural. Já terá sido encontrado e recuperado um variadíssimo espólio dos séculos XV, XVI e XVII, entre muitas peças em cerâmica e de madeira, outros artefactos antiquíssimos pertencentes à sociedade civil das épocas.

Ainda é desconhecido o que irão fazer. Se integrar aquele espaço nas obras ou eventualmente retirá-lo e transladá-lo para outro local. A verdade é que, possivelmente, a ser feita uma recuperação como mandam as boas regras de conservação, poderia muito ser estarmos perante um novo ponto turístico para a cidade do Funchal.


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