Na quarta-feira passada, a Escola Secundária com 3.º ciclo Carolina Michaelis, no Porto, foi palco de uma cena absolutamente degradante e humilhante para todos os portugueses. O episódio foi filmado por um aluno presente na sala e colocado no YouTube logo no dia seguinte. Sob o título “9ºC em grande!”, as imagens mostram uma aluna a agarrar e a puxar o braço da professora de Francês por esta lhe ter tirado o telemóvel.
No vídeo ouve-se repetidamente a aluna em causa a gritar para a professora: “Dá-me o telemóvel já!”. Durante minutos os alunos nada fazem e limitam-se a assistir à cena em pé. Ouvem-se risos e alguém comenta: “Isto é demais, ouve lá!”. Ao fim de algum tempo, um grupo de alunos tenta separar as duas pessoas envolvidas. Aumenta a confusão e ouve-se um dos alunos a avisar: “Olha que a velha vai cair”, referindo-se à professora. Até que por fim o telemóvel é recuperado pela aluna. Mas vejam o vídeo.
Esta cena dantesca é meramente o resultado de uma evolução "towards liberty" que está rapidamente a degenerar. O problema desta menina não é a cena lamentável que criou na sala de aula, quer tenha ou não tenha razão. O problema desta menina já vem de casa, onde faltará disciplina e autoridade. Esses mesmos valores que agora querem que as escolas sejam responsáveis por aplicar aos seus "filhos". Onde se entrega o "gado" a pessoas cujas competências em histórias, línguas, artes ou ciências, na maioria dos casos não incluem competências educacionais.
É uma vergonha o que tem acontecido neste país (e não só, verdade seja dita). É verdade que os professores, como em todas as profissões, têm que ser sujeitos a avaliações de competências, pois há que separar o trigo do joio para o bem da profissão. Mas sujeitar os docentes à "crueldade" da adolescência e da irresponsabilidade dos seus pais, é promever que mais cenas desta natureza surjam nos salas deste país, é matar a profissão.
Isto é um produto da sociedade em que vivemos, onde palavras como "valores" ou "princípios" já são quase meras recordações de tempos idos. E onde umas boas palmadas no rabo são consideradas como "violência doméstica" e "abuso infantil". Assim não vamos lá.
Viva a hipócrita sociedade do politicamente correcto.
3 comentários:
Eu trabalho com jovens oriundos de zonas problemáticas, jovens que estão habituados às maiores atrocidades. Quando estes jovens são confrontados com regras, normalmente não as compreendem e consequentemente violam as ditas regras. Apesar de eu dar um ligeiro desconto às atitudes de este tipo de jovens,não tolero faltas de respeito e os castigo com uma certa rispidez.
No caso de jovens de famílias aparentemente normais o caso seria bem diferente. Numa situação dessas acaba logo a aula e toda a turma seria penalizada nas suas avaliações. Provavelmente não produziria um efeito imediato, mas teria reflexos mais tarde.
PS. Uma vez dei um 3 (de 0 a 20) a uma aluna só para que esta desistisse da escola... consegui tal objectivo.
Como diria a Luisa é a perda de valores!
"Frutos podres"... Não me ocorreria um título mais adequado! Se bem que um "3" para desistir da escola, parece-me uma motivação que não visa solucionar o problema do educando... eventualmente o do educador (ver-se livre da aluna)...:)!
Petite
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