segunda-feira, janeiro 02, 2006

A "Guerra do gás"

"Guerra do gás" entre Kiev e Moscovo já afecta países da UE

A Rússia começou ontem a reduzir a pressão no gasoduto que fornece gás natural à Ucrânia, depois de o Governo de Kiev ter recusado, uma vez mais, o novo preço, que quase quintuplica em relação ao anterior.

Em Bruxelas, a Comissão Europeia (CE) convocou para quarta-feira uma reunião do grupo de coordenação do gás, para analisar a situação e suas consequências. A porta-voz do executivo comunitário, Mireille Thom, exprimiu a "preocupação" da CE devido à falta de acordo, mas mostrou-se também confiante de que ambas as partes encontrarão uma solução.

Alguns países da UE são muito dependentes do gás russo. A Alemanha, por exemplo, recebe 30 por cento dos seus abastecimentos através da Ucrânia. A companhia polaca PGNiG anunciou ontem que a quantidade de gás que entra no gasoduto proveniente da Ucrânia está a diminuir, devido a uma falha de pressão no ponto de passagem, junto à fronteira entre a Polónia e Ucrânia. Também a empresa húngara MOL indicou que está a receber menos 25 por cento do fornecimento normal de gás da Rússia.

A já designada "guerra do gás" está a ser acompanhado de acusações das duas partes. Serguei Kuprianov, porta-voz do consórcio estatal Gazprom, anunciou que a ucraniana Naftogaz "recusou oficialmente" a última proposta russa, que propunha uma moratória de três meses para os novos "preços de mercado".

Em Março próximo, os ucranianos vão às urnas para eleger uma nova Rada Suprema (Parlamento) e a "guerra do gás" poderá ser um dos trunfos fundamentais na campanha eleitoral. O Kremlin, com a subida em flecha dos preços do gás, pode criar sérios problemas económicos a Kiev e comprometer as forças políticas que apoiam o Presidente pró-ocidental Victor Iuschenko.

O Kremlin poderá, contudo, sair derrotado tal como aconteceu há um ano, quando tentou impedir a eleição de Iuschenko. A ingerênciade Moscovo teve um efeito contrário ao esperado por Putin. Iuschenko poderá utilizar esta crise para mobilizar e unir em torno de si todos os que o apoiaram na "Revolução Laranja". "A Ucrânia venceu a ditadura e, agora, deve trabalhar para conseguir a independência económica", declarou o Presidente na sua mensagem de Ano Novo.

fonte: PUBLICO

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