quinta-feira, julho 21, 2005

Portugal acorda hoje com um novo ministro das finanças

Teixeira dos Santos é o escolhido

O Presidente da República, Jorge Sampaio, aceitou a exoneração do ministro de Estado e das Finanças, Campos e Cunha, e a sua substituição por Fernando Teixeira dos Santos, que toma posse já hoje.

Teixeira dos Santos preside actualmente ao conselho executivo da Comissão de Mercados e Valores Mobiliários (CMVM), foi secretário de Estado dos governos de António Guterres e é professor universitário.

Segundo fontes oficiais, foi o próprio Campos e Cunha a solicitar ao primeiro-ministro a sua demissão, alegando razões pessoais e familiares, bem como cansaço.

As reacções foram imediatas e já se fizeram ouvir: Ferreira Leite diz que demissão de Campos e Cunha é "um golpe" para o país; Jorge Coelho elogia "coragem e determinação" de Campos e Cunha; PSD diz que demissão de Campos e Cunha é um "profundo abalo" no Executivo; PCP considera demissão de Campos e Cunha a primeira derrota do Governo; Ribeiro e Castro diz que demissão de Campos e Cunha “abala a estabilidade política”; Bloco de Esquerda não estranha demissão do ministro das Finanças.

A inesperada demissão ocorre duas semanas depois do Parlamento ter aprovado o orçamento rectificativo para 2005, marcado pelo aumento do IVA, e numa altura em que o Executivo avança com algumas das medidas de contenção orçamental para equilibrar o défice público. No passado domingo, Campos e Cunha assinava um artigo no PÚBLICO, admitindo que, face à deterioração das perspectivas económicas seria necessário adoptar mais medidas de contenção da despesa, possivelmente já para 2006. O ministro aparentou também nos últimos dias algum distanciamento em relação aos projectos da Ota e do comboio de alta velocidade, bandeiras do programa de investimentos com que o Governo quer relançar a economia nacional.

A pasta das Finanças nos últimos 10 anos tem sido uma câmara de horrores para os seus titulares. Ninguém parece capaz de se manter no lugar por um mandato inteiro, mantendo a sua integridade e sanidade mental. Desde o falecido Sousa Franco, ao desastroso Pina Moura, até ao mais recente demissionário ministro Campos e Cunha que ninguém se tem mostrado capaz de aguentar o barco. Incompatibilidades mútuas e supervenientes, ataques constantes ao seu trabalho, e sobretudo um país com as finanças em estado caótico, certamente não ajudam.

Há muitos hábitos que têm de mudar em Portugal. A economia para funcionar necessita de um planeamente estratégico, macroeconómico, que sobreviva aos Governos. Não podemos estar constantemente a mudar as regras do jogo só porque mudamos de jogadores. Assim não vamos lá.

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