terça-feira, junho 21, 2005

Sampaio acusa banca de fazer pouco para promover crescimento económico


Presidente diz que só através das exportações Portugal poderá crescer

O Presidente da República, Jorge Sampaio, criticou hoje a banca portuguesa por fazer "muito pouco" pelo crescimento económico do país e pela falta de vontade em apoiar empresas que apostam na inovação.

"Há oposição da banca no que respeita a arriscar alguma coisa para as empresas que querem inovar. Naturalmente que se quiserem um automovelzinho, a banca está disposta a fazer umas prestações”, afirmou Jorge Sampaio, classificando esta atitude de “embuste”.

Sampaio, que falava durante um debate sobre modernização na Unicer, em Leça do Balio sublinhou que o país "é muito pequeno" e precisa de banca e das empresas médias para "poder competir à escala global".

Nesse sentido, defendeu a necessidade de fazer a "transição" de um padrão produtivo que já está "desactualizado" e entrar num outro "direcionado para a exportação". "Não teremos saída pela via do consumo interno, mas sim pela via exportadora e pelo valor acrescentado que colocarmos nos produtos que vendemos", argumentou.

Contudo, referiu, "não há iniciativa privada suficiente em Portugal", porque as empresas ainda estão "demasiado encostadas ao Estado" e a banca não aposta no capital de risco, que poderia incentivar o tecido empresarial a "arriscar mais".

Dirigindo-se a uma plateia que acabava de ouvir Artur Santos Silva, do BPI, Jorge Sampaio criticou a banca por "não arriscar coisa alguma" em matéria de inovação e as empresas pela "falta de liderança" e formação profissional.

A visita à empresa portuguesa produtora e distribuidora de bebidas insere-se numa ronda presidencial a empresas e instituições de sucesso do norte e centro do país para mostrar "bons exemplos" nas áreas de qualidade, internacionalização e incentivo à investigação.

De acordo com Jorge Sampaio, estas empresas têm que encontrar formas de "cooperação" e "sinergias", porque só assim conseguirão alcançar a "escala" pretendida" para "atacar o mercado global".

As polémicas em torno das manifestações dos professores foram também alvo de criticas por parte de Jorge Sampaio, que lamentou que "ninguém se preocupe realmente com o facto de Portugal estar sempre em último lugar" nesta matéria.

"Com o ensino básico e secundário que temos não vamos lá", alertou o Presidente da República, exortando à necessidade de encontrar uma comunidade docente realmente dedicada à criação de "emprego moderno" em Portugal.

fonte: PUBLICO

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